quinta-feira, 25 de junho de 2009
"Mulheres agredidas têm novo centro para as acolher" Jornal de Notícias 25-06-2009
A União de Mulheres Alternativa e Resposta reabre esta sexta-feira o seu centro no Porto de atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica que esteve encerrado dois anos.
O encerramento deveu-se à falta de apoios da Segurança Social, essenciais à prestação do serviço de acompanhamento de mulheres vítimas de agressões e suas crianças, através de equipas constituídas por técnicas qualificadas.
Com capacidade para atender três dezenas de mulheres por dia, o centro, que pode ser contactado através dos telefones 222025048, ou 910504600, é o terceiro da UMAR, uma organização que intervém na defesa da mulher em frentes como o apoio à vítimas, investigação científica e sensibilização nas escolas.
A organização, fundada em 1976, possui desde os anos 80 outros centros de atendimento na região Sul, cada um com capacidade para 80 mulheres por dia, bem como três casas-abrigo - duas no Sul e outra nas ilhas.
Os centros de atendimento, de localização não publicitada, para evitar a perseguição por agressores, são a primeira linha de apoio às mulheres vítimas de violência.
As mulheres - frequentemente acompanhadas por crianças - são recebidas por equipas constituídas por uma psicóloga, uma jurista e uma técnica de serviço social que possuem formação especializada.
"Até que reconstruam o seu projecto de vida e possam voltar a viver em segurança, não deixamos de acompanhá-las", explica a presidente da UMAR, Maria José Magalhães, que é docente e investigadora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.
No primeiro atendimento, são identificadas as necessidades de apoio, inclusivamente junto do Ministério Público, com vista ao afastamento do agressor, e mesmo de colocação da mulher e dos filhos nas casas-abrigo, cuja localização é sigilosa, para proteger a integridade física e até a vida das vítimas.
Com uma capacidade total de 69 mulheres, as casas estão permanentemente "esgotadíssimas" e a organização recorre com frequência à ajuda de instituições semelhantes.
Isso acontece porque nem sempre a situação de risco se ultrapassa com a brevidade desejável nem a permanência legal de seis meses (prorrogável) é suficiente para que as vítimas vejam resolvida nos tribunais de Família a guarda dos filhos, obtenham habitação e ocupação profissional adequadas e readquiram capacidade para retomar a vida após o pesadelo.
"Quando nos aparecem aqui, vêm de rastos - com baixa auto-estima, problemas cognitivos, problemas de saúde física, por vezes tentação suicida", conta.
Aparecem quando a ruptura é inevitável - quando as agressões já são demasiado graves, demasiado frequentes e intensas e as fases "de lua de mel" demasiado curtas e raras, quando se esgota a capacidade para satisfazer todos os caprichos do agressor.
O processo começa muito cedo - no namoro frequentemente - "de mansinho", numa estratégia de cerco, fragilização e isolamento da vítima, e dura muitos anos, 12 a 15 em média. Por vezes, acaba por beneficiar da cumplicidade dos filhos adolescentes.
Até aos 6 ou 7 anos, explica, as crianças defendem a mãe; na adolescência mudam de atitude, porque há uma questão de poder em jogo: os rapazes tomam o partido do pai; as raparigas desistem e passam a desprezar a mãe. "Eu já disse à minha mãe que ela é que vai na conversa dele!", ouve-se.
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Boa tarde.
ResponderEliminarChamo-me António Pinto, tm 966562008, mail ajbpinto@gmail.com, e venho deste modo congratular vossa organização, quer pela ideia que está a ser posta em prática, quer pelos meios e vontade que colocam ao dispôr das mulheres e crianças REALMENTE em perigo.
Infelizmente, e como parece estar a acontecer em diversos sectores nacionais, existe por vezes uma má intenção, por parte de quem recorre, manipulando o sistema e induzindo situações, através das quais, vai conseguindo proveitos em seu favor.
Refiro-me a falsas acusações de violência doméstica.
Para este tipo de cenário, quais as habilitações e qual a frequencia com que aparece este tipo (raro, espero eu...) de casos?
Quais os mecanismos que possuem para detectar, evitar e precaver situações de fraudulentas?
Melhores cumprimentos,
António Pinto